BC corta projeção para o PIB em 2020 de alta de 2,2% para zero

26/03/2020 | Valor Econômico


O Banco Central revisou sua projeção para o desempenho do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro de 2,2% para zero, segundo Relatório de Inflação publicado há pouco. A estimativa reflete o conjunto de informações que disponíveis até 16 de março.


O BC explica que a alteração está associada, principalmente, a impactos econômicos expressivos decorrentes da pandemia da covid-19. Mas, além disso, resultados abaixo do esperado em indicadores econômicos no final de 2019 e início de 2020 também afetaram a expectativa de desempenho da atividade no primeiro trimestre.






A projeção considera um recuo acentuado do PIB no segundo trimestre, seguido de retorno relevante nos últimos dois trimestres do ano.


Pelo lado da oferta, projeção para o desempenho da indústria de transformação passou de variação de 2,1% para -1,3%, motivada pela previsão de queda na demanda final, principalmente por bens de consumo duráveis e de capital, além da possível redução na oferta resultante das medidas de restrição de locomoção e da escassez de insumos importados em alguns segmentos. A revisão de crescimento para a indústria extrativa, por sua vez, recuou de 7,5% para 2,4%, ante expectativa de menor demanda por minério de ferro e petróleo, em um cenário de desaceleração mundial.





Em meio ao comportamento de maior cautela das famílias e dos empresários do setor, a construção, que em 2019 registrou a primeira alta após cinco anos, deve apresentar retração de 0,5%, ante projeção de crescimento de 3% em dezembro, diz o BC.





Para o setor terciário, o BC estima estabilidade, sendo que antes projetava elevação de 1,7%. A autoridade monetária destaca revisões nos segmentos mais afetados por medidas de restrição de mobilidade: o comércio recuou de 2,6% para -0,7%; de transporte, armazenagem e correio, de 1,9% para -1,2%; outros serviços, que engloba atividades como alojamento, alimentação fora de casa e atividades artísticas, de 2,2% para -1,1%. Segmentos como administração pública e aluguéis, com significativa representação no setor, tendem a ser impactados em magnitudes relativamente menores.





O crescimento esperado da agropecuária foi mantido em 2,9%, "refletindo melhora nos prognósticos para a safra de grãos, compensada por redução moderada na estimativa de crescimento da pecuária, em razão dos impactos da pandemia sobre a demanda interna e externa por proteínas", diz o BC.





Com relação aos componentes domésticos da demanda agregada, houve recuo na projeção para o consumo das famílias, de 2,3% para 0,8%, refletindo não só a maior cautela das famílias sobre gastos, a evolução da massa de rendimentos do trabalho, além dos efeitos decorrentes das medidas de distanciamento social e de restrições à mobilidade.


Em meio a um ambiente de maior incerteza e expectativa de recuo acentuado da atividade, decisões de investimentos devem ser postergadas, diz o BC. Assim, a previsão para o desempenho anual da formação bruta de capital fixo (FBCF) recuou de 4,1% para -1,1%. A projeção para o consumo do governo permaneceu praticamente inalterada (passou de 0,3% para 0,2%).





"Apesar da estimativa de redução de receitas, o governo tende a preservar gastos essenciais em momento de crise", afirma o relatório.





Já as exportações e as importações devem variar, na ordem, 0,9% e 0,6%, ante projeções de 2,5% e 3,8%. A redução nas exportações resulta da expectativa de menor demanda externa, em virtude da desaceleração mundial causada pela pandemia, enquanto a diminuição na estimativa para as importações reflete a atividade doméstica mais fraca, em especial da indústria de transformação e dos investimentos, com o consequente decréscimo nas aquisições de insumos e de máquinas e equipamentos, bem como a perspectiva de redução do consumo das famílias.





O BC pondera o elevado grau de incerteza das projeções realizadas em ambiente de crise. "Entre outros aspectos, a magnitude dos impactos da pandemia sobre a atividade econômica doméstica estará associada à gravidade e à extensão do período do surto no país e às medidas públicas que estão sendo adotadas nas diversas áreas", conclui.




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